Wyma Nayoby membro do lendário grupo de rap angolano "
Filhos da Ala Este" anunciou em sua conta da rede social facebook a ideia de criar um semanal onde passaria a trazer a tona a biografia ou histórias
de artistas ou grupos que fizeram muito pelo movimento, mas que são desconhecidos, e raramente citados em palestras e entrevistas relativo a história do movimento hip hop em Angola.
Na sua primeira edição o rapper Wyma Nayoby selecionou MC NGOLA, rapper da província mais a norte de Angola (Cabinda) para contar sua história conforme se desenrola abaixo:
hoje trago essa lenda viva do Hip Hop nacional em particular o movimento de Cabinda.
Eu ouvi falar dele em 1998 por intermédio de um mano que trabalhava numa petrolífera, tempo depois o vídeo clipe dele passa na TPA, anos depois recebo um som dele na sua língua materna, eu disse: tenho que conhecer esse mano!
Quando fui pra Cabinda assim que entrei no hotel perguntei logo no mano da recepção: conheces o MC Ngola?
Dia seguinte encontrei-me com o mano, enfim vamos lá:
Seu nome é: Pedro Ngola Quibondo Zembo, filho de Nasson Zembo e de Catarina Quibondo. Natural de Cabinda. Nasceu aos 8 de Agosto de 1977.
Filho de Pai Cozinheiro de mãe Camponesa.
Segundo filho da sua mãe e quinto filho do seu pai.
Formado em Relacões Internacionais no Instituto Superior de Cabinda.
Professor de Profissão, leciona a cadeira de Língua Inglesa no Magistério "Suka-Hata" de Cabinda.
Apesar do seu primeiro grupo se formar em 1993, ele considera que a sua carreira musical iniciou em 1994, tinha 16 anos de idade, por influência de amigos (Berthoni, Double D, Tchiné Jump, Homeboy e MAB), que na época fundaram o grupo CBDogs que é o primeiro grupo da história do Hip Hop em Cabinda.
No princípio não tinha noção, o que era realmente o RAP, quando o seus amigos estivessem a dropar, ele era indicado apenas para fazer os backs ou refrão.
Seus amigos deram-lhe o nome de Funk Child porque tinha uma fisionomia de arrepiar
o grupo era influenciado por Rappers americanos que batiam na altura assim como: Eazy-E, Doctor Dre, Ice Cube, Snoop Dog, Os Naughty By Nature, Public Enemy, Ice T, styliz, Bob Brown, Queen Latifa etc.
Com o surgimento do primeiro álbum do Gabriel Pensador, e a coletânea Republica e surgimento de grupos como , SSP, Solobasta, GC Unity, Atitude Violenta e tantos outros, a província mais a norte não conseguiu escapar da febre foi assim que surge o grupo CBDogs, que influenciou o surgimento dos outros grupos como: JNG, Five Boys, Bana ba Tsi e Rap Stars.
Infelizmente os membros que o constituíam o grupo CBDogs não se entendiam em termo de elaboração de idéias refiro-me aos manos Home Boy, Berthony, Double D, MAB, Tchiné Jump e Funk Child(MC Ngola) o grupo separou-se, foi nessa fase que surge em Cabinda um outro grupo JNG, estamos a falar de 1994 a 95, lançaram o single promocional na qual constava a músicas: SOPECOL em homenagem a Empresa que os tinha patrocinado.
A Rádio Comercial tocava todos dias os sons do JNG e ficou na boca da juventude de Cabinda
Tempo depois o Berthony conheceu a Didinha Street, uma jovem que fazia Playbacks, mas bastante apaixonada por musica jamaicana, e pediu para fazer parte do novo grupo, assim final de 1995, forma-se o grupo Black Soul com o Mc Ngola, Didinha Street, Home Boy e MAB.
A Didinha Street com tempo foi ensaiando mas acabou por sair porque não estava se enquadrar no estilo. O Double D, viajou para Luanda e o Berthony, Tchiné Jump e Funk Child (MC Ngola) deram sequência o projecto e gravaram o single que bastante sonhavam.
No mesmo constavam 3 faixas musicais entituladas por: Black Soul com vocês.
As duas Rádios, refiro-me RNA nas pessoas de Francisco Chameno e Alberto Chilamba e a Rádio Comercial de Cabinda na pessoa de Lelo Nhati apostaram na promoção do projecto e em pouco tempo começou a bombar com a cidade de Cabinda.
A música Black Soul com vocês, ficou na boca do povo e em cada dia que passava os convites para Shows chegavam para todos fins de semana
A TPA, na pessoa do Gualter dos Santos, também não lhes passou despercebido a existência do grupo em estreia e fez-lhes o convite de realizar um vídeo clipe.
À partir deste vídeo passou a ser uma grande referência do Hip Hop.
O grupo realmente explodiu, tendo o previlégio de participar em vários Shows, entrevistas, tornaram-se os meninos de ouro, que até para andar nas ruas tinham que andar muitas vezes camuflados,
Meses depois da gravação do vídeo clipe, o Berthony que era considerado como Mentor do grupo, foi apurado no concurso público da Alfândega, e o nome saiu para trabalhar na capital do país.
Em 1998 o grupo veio pra Luanda a fim de dar mais passos na carreira apesar de consiguirem manter contacto com o Estúdio Eduardo Paim, tornarem-se amigos de Nello Pain, Dódó Miranda, Gabriel Tchiema, conhecerem pessoalmente o Raffa Ndombe, MC Gegas, Skall G, Pobre Sem Culpa, jeff Brown, Tótó e outros o grupo preferiu voltar a Cabinda.
Tempo depois gravado uma música nova entitulada Sidney.
Em 1999 voltaram a viajar para capital com a mesma finalidade, mas a ameaça de rusga, lhes fez regressar.
Tchiné Jump que tornou-se o Mentor do grupo depois da ida do Berthony a Luanda, foi enviado para Sumbe a fim de formar-se nos petróleos.
Mc Ngola ficou sozinho e com a missão de levar praticamente sozinho o movimento em Cabinda nas costas. foi assim que criou a parceria com os RNG, um artista novo que na altura estava dar os primeiros passos e juntos gravaram o Ntangu Imefuana que tornou-se um hit Local até os dias de hoje.
MC Ngola tornou-se uma marca na cidade tchiowa porque a juventude acordou pra um ideial mais africanista à partir desta música. Porque era dropada em fiote. Para todo mundo era algo inédito, nunca antes visto.
O vídeo do ntangu imefuana passou em várias cadeias televisivas de África e saiu em terceiro lugar no prémio TVja.
Mc ngola voltou a gravar várias músicas e fez várias participações com outros artistas, teve vários shows, hoje ele tornou-se um ícone do Hip Hop devido a musica Ntangu Imefuana.
Mc Ngola para mim é mais do que um pioneiro do Hip Hop em Cabinda, para mim ele é uma lenda viva do movimento nacional, que fez e continua fazendo muito pelo movimento.
RESPEITEM
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